segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Quando se têm medo

Quando se tem Medo, acende-se a luz.
Existem os que apagam-na e preferem ficar no escuro.
Parecem temer até a si mesmos. Por coisa tão imaterial perde-se tanto.
Mas que seja. Imaterial é também o amor e tanto mais.
Quase sempre não percebemos o Medo, nos tomando.
Infiltra-se, invisível, nas pequenas fendas da alma.
É Monstro disfarçado de doce e mentirosa segurança.
Ele entra pela janela como nuvem.
Chove em nossos móveis, dentro de nós.
Deixa-nos com frio.
Paralisa a capacidade de sentir plenamente, de expressar.
Atira fora os deleites de peitos abertos.
E sabe o que acontece?
Passam as horas, os dias, os meses e os anos até.
Nenhum espaço resta mais além do que o Medo ocupa.
Palavras não são ditas, alegrias são adiadas e acabam por se perder.
Assim como o tempo, que Ele leva embora.
Vale tanto assim a confiança inventada de se estar preservando?
Preserva-se de quê?
De tudo que se pode ganhar quando se abandona o Medo de arriscar?
Eu entendo agora. Mesmo que amanhã eu não entenda mais.
É escolha nossa deixá-Lo entrar.
São escolhas. Penso. Dizem. Hesitam. Escolho.
Optei por deixar o Medo ir para longe. Ele só fica porque O chamamos.
Nos seguramos a Ele. Fazemos Dele nosso chão.
Ele permanece com quem se agarra ás suas falsas promessas.
Entristeço, porque há os que apagam a luz e ficam no escuro.
Quando poderiam ver cores com as quais nunca sonharam, não conseguem.
Ficam no escuro porque tem Medo de doerem-lhe os olhos ao acender a luz.
Ficam no escuro e nem podem ver Nova York, nem lugar nenhum.
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