quinta-feira, 28 de junho de 2007

Fez calar


Este silêncio cortante que responde como eco,
É areia fina soprando em meus olhos.
Insiste em se pronunciar a todo o momento:
Silêncio. Silêncio.
Este silêncio ante as frases incertas,
Nunca quis perturbar equilíbrios.
Silêncio que permanece,
Em cada esquina virada,
Em todo canto.
Sibilando ao transcorrer de cada nascer e morrer do sol.
Sussurrando às minhas passadas nas ruas molhadas pela chuva.
Chove em mim este silêncio,
Que persiste, emudece as palavras.
Confunde as idéias.
E á noite, quando a lua sobe crescente de prata,
Lá na cúpula de estrelas reluzentes,
No céu de minha boca,
Calo-me em silêncio.

sábado, 23 de junho de 2007

E virou a página...


Ela sentou e respirou fundo, tinha nas mãos toda a magia contida em um dos universos, abriu o pequeno livro e espiou curiosa com olhos apreensivos. É preciso ter cuidado com essa coisa que os livros têm, eles são meio imprevisíveis. Você abre um livro e quando olha bem dentro dele, nem imagina onde ele vai te levar. Nunca se sabe onde pode ir parar.

Mas esse livro era daqueles que nos levam a lugares macios, onde a brisa é fresca e agradável, lugares coloridos e brilhantes, esse livro era daqueles de pé pisando em nuvens, daqueles que tem gosto de picolé em dia de sol e cheiro de chuva molhando a terra.
As palavras dançavam e sorriam para ela, algumas se penduravam na ponta de uma página e pulavam para a outra, fazendo acrobacias. E todas elas eram bonitas juntas. Enquanto estava lendo, tinha a sensação de que tudo no mundo estava em seu devido lugar.

Tão curioso era ver que em folhas de papel cabiam pessoas, mundos, sóis, luas, lágrimas, vidas. Como era encantador observar tudo aquilo e ao mesmo tempo fazer parte daquela beleza enquanto passeava por mentes e corações, deslizava por abraços e canções, enquanto dentro dela crescia a flor que brotara de uma semente pequenina que plantou.
Sorriu e pensou:
-Então é isso mesmo!

sábado, 9 de junho de 2007

Panacéia

Sangra comigo, quero sangrar.
Quero jamais ter medo de ser quem sou.
Que se dane o sistema, merda são eles.
Não me importo se estou contra, se não sigo o rebanho.
Irei até onde quero ir, farei o que quero fazer.
Nem algemas nem mordaça poderão me prender.
A verdade não está na casca, nem no que parece ser.

Intolerância, doença degenerativa que contamina o mundo, acinzenta tudo que tem cor,
envenena a humanidade,
venda os olhos para o que é belo, o que é puro.
Desejo alimentar meus olhos
com horizontes sempre muito abertos,
para não deixar que se limitem em um ponto.

Compaixão e solidariedade
são em meu coração
para aqueles que desejam,
que sucumbem, que não são hipócritas,
para os que lutam e suam, sentem dor e prazer,
para os que admitem suas fraquezas,
para os que são humanos .
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