quarta-feira, 28 de março de 2012

Scabiosa maritima

Tinha febre
De se atirar ao furacão
Lábios rachados e trêmulos
Os poros insones

Dormir no turbilhão
Acordar cada manhã
Em algum outro lugar
Tinha febre

Nos braços do ciclone
Olhava para cima e via seus pés
Rasgava-lhe a roupa e todos
Os poros insones

Fere, arde
Je suis la et ailleurs
Frio, doce, calor
Mea culpa

De flor se abrir á força
Deitou-se às cinzas
Desflorada, deflorada
Fere, arde

Acre, sibila, escoa, corta
Agoniza, dedos esticados
Intangíveis, tocam-se
Mea culpa

terça-feira, 20 de março de 2012

Areia


Dor

Pungente

Inflamada

Sangra

Dor


Silêncio


Dor

Cristalina

Salgada

Quente

Dor

terça-feira, 13 de março de 2012

As Flores Sabem


não tem carne em seus ossos
aquele que entende das flores
verdes que abraçam
todos os universos sob a pele castigada

a maré subiu, inundou meu quarto
ensopou tudo que eu tinha
flutuei como uma pluma
como um hibisco sobre a água

as ondas cobriram as escadas
me ensinaram muitas coisas
a fragilidade exterior não corrompe
a beleza da força que está dentro

o encanto cínico do que se vê
com os sentidos
se deteriora e se desfaz
corroendo-se com veneno que se guarda

eu sei
as flores sabem
flutuamos todos
quando as águas chegam

Playing: What The Water Gave Me_Florence & The Machine
Licença Creative Commons
This work by Sueysa de Andrade Pittigliani is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported License.
Based on a work at sukapitt.blogspot.com.