quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

02:32

Deixo-me aqui, sozinha, no silêncio da insônia
Perambular perdida, por cintilâncias salpicadas ao breu
Vaguear por bocados de remorsos, pedaços de imperfeições
Todas aquelas que me impedem o ser feliz

Me impedem de ser quem sou? Essa é a questão, vês?
Como encontrar a parte que me falta
Se ainda não posso saber a parte que me cabe, ao certo?
Creio que ainda não sei caber em nada

E à pouco pensava eu, que podia ser merecedora
De todas essas letras dispostas na tela luminosa
Pensava aqui, no ruído da madrugada, que seria eu
Ali naquelas estrofes livres, que satisfeita possuía o mundo

Sem saber
Desejando a felicidade de possuir o Tempo
E o nome que tem tantos nomes em tantas línguas
Nunca pude pronunciar com os lábios trêmulos

Fraca
Jamais pude desprender dos pulmões tantas palavras
Muitas frases, perdidas em minha covardia

Deixo-as caladas no fundo da garganta
Junto a essa sede, que jamais se aplacará
Perdida, permaneço ainda


(Pintura: A Pleiade perdida_William Bouguereau)
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