domingo, 7 de setembro de 2014

Papel, caneta e lápis.

Gosto de papel, caneta e lápis.
Alguns preferem o toque plano do touch screen,
o estalar ritmado das teclas do teclado sob os dedos.
Não eu.
Gosto de deslizar as digitais na folha branca
sentir as fibras, as pequenas imperfeições,
a caneta firme entre os dedos,
a sensação do bico da caneta
deslizando na superfície limpa,
deixando um rastro de palavras,
histórias,
dores,
lágrimas,
alegrias,
paixões.
Tudo impresso no papel
pelas mãos dos artífices das palavras.
Como um artista plástico pinta um quadro,
pinto palavras.
Na folha de papel escrevo o teto de minha Capela Cistina
toda feita de palavras e frases.
Gosto de sentir o cheiro do papel, sua textura.
Papel alvo,
terra fértil esperando para ser plantada,
tela branca esperando para ser pintada.
Manjedoura de minhas idéias,
geradas no útero de minha imaginação,
é o papel.
Corre ainda no papel,
a seiva viva da árvore de onde veio
e todos os segredos que as raízes beberam,
da terra que sempre existiu.
Todas as histórias de todas as civilizações,
do início das eras,
da pré história,
da formação do planeta,
do sistema solar,
da galáxia,
do Big Bang,
da fonte,
de onde veio a vida,
de onde veio a morte.
Ecoa ainda, tudo isso,
no papel.
Eu gosto de papel.
Gosto de papel, caneta e lápis.


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