terça-feira, 9 de novembro de 2010

Fel

Se eu pedir para pores fim ao sofrimento,
todas as mentiras que criamos para serem escudos,
me atirarias seus espinhos de veneno
com bálsamos de verdade, em palavras de veludo?

São fuligens que se desmancham
com menos que um sopro, quando despetaladas,
as rechaças que me ofertas em entrelinhas,
se dissolvem nos suores do meu corpo.

Ao convidar-te a se despir desses silêncios,
expor a tenra carne da alma, desnudo-me dos orgulhos
e de égides vestes, que por distância impusestes,
para te guardares da avidez de minhas mãos calmas.

Cabem dentro de mim a lascívia de suas escolhas,
os tormentos de sua natureza, o despudor do seu perdão.
Insustentável é o peso de amargo desprezo
e o gosto em minha boca, do fel da negação.
(Pintura: Ophelia_Sir John Everett Millais)
Licença Creative Commons
This work by Sueysa de Andrade Pittigliani is licensed under a Creative Commons Atribuição-Uso não-comercial-Vedada a criação de obras derivadas 3.0 Unported License.
Based on a work at sukapitt.blogspot.com.