domingo, 26 de abril de 2009

Descosturada

Quando dei por mim notei que tinha me perdido em algum ponto no caminho
Perdi a mim mesma e agora não sabia onde estava
Precisava me encontrar, para saber qual era meu valor, precisamente
Não lembrava mais
Costurava ainda a pouco, fronhas nos travesseiros,
Para dormir melhor
Quando o que queria mesmo era me costurar nos sonhos
Desviar-me do despertar
Porque o sabor das coisas despertas tem sido amargo e sem calor
Nos meus sonhos tempero a meu gosto qualquer fábula brilhante que queira
Caminho nua pelas ruas, imponente, sem medo de ser vista
Mas o fato é que ficou um pouco de mim espalhado em cada canto
E agora não quero mais recolher meus pedaços
Prefiro deixá-los morrerem e secarem
Só quero pintar um quadro novo com a minha tinta
Me sentir a salvo em minha própria pele
Quero ser novamente
De mim mesma
Por isso estou absorta em estradas vazias, silenciosas
Acredito que encontrarei sozinha uma coisa que pertence só a mim
Este tempo, de andar solitária, não é preciso ser sempre
Mas agora, tem alguma coisa que deixei para trás
Que preciso ter para descobrir o princípio
Vou acender as estrelas
Quero estar segura, bela e forte quando atender a porta
Quero estar pronta

domingo, 12 de abril de 2009

Prata


Hoje a chuva escura parou
Prateou
Porque eu pude falar com as nuvens
E elas me fizeram acreditar que eu posso
Quando as respostas são sonhadas
Mesmo quando não se espera
Um pequeno raio de luz entra pela janela
Atravessa as folhas das árvores e penetra na escuridão densa
E se for somente em sonhos que existe a perfeição
Quero acreditar que sonhos se realizam
Mas acima de tudo quero a realidade onírica de tocar os céus
Quero sim
Quero tudo isso, que sei que existe
E nem tenho medo de me cortar
Porque não vou sentir os espinhos rasgando minha pele no caminho se sei bem qual é o gosto
E eu sei
E depois
Depois deixa os sorrisos frouxos correrem
Deixa os desenhos tomarem forma, ficarem táteis
Deixa o mundo de palavras escorrer pelos lábios, doces
Quero pés descalços e calor nos poros
Deixa-me entrar
Deixa que caiam por terra os impedimentos e os medos, felicidade
Deixe a porta aberta
Porque eu quero chegar e me aconchegar em seu colo
Do jeito que foi, quando meus olhos estavam cerrados
E o céu ainda clareava
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