terça-feira, 5 de maio de 2009

Seiva

Enquanto observava o chão se pintar com os minúsculos pingos de chuva
E ouvia a música que vinha dos telhados
Da escada de metal
E de minha própria pele salpicada de água
Realizei que estava grávida
Estou grávida e espero um novo eu nascer de mim
A medida que vou morrendo e secando
Deixando toda a tristeza sanar enquanto me consome
Cresce em mim o desejo de renovação
E a gestação de novas estações se torna evidente
Tenho que gerar esta nova vida
Para viver
Permitir à velha se extinguir enfim
Alimentar este bebê felicidade
Dar a luz a outros dias
Que se avizinham devagar
Desta forma vai se desenvolvendo o embrião
Originado em minha essência
Que seja serena, simples e cheia de vida
Essa que vem chegando
Que saiba ouvir e confortar
Saiba sorrir e saiba chorar
Abrir suas asas e não ter limites para voar
Tenha a força que me faltou e a graça da qual careço
Vou aleitar essa idéia para que tome feição
Embalar a esperança latente
Na promessa que o novo traz
Vou suportar toda esta dor que é parte do nascimento
Bravamente
Para que chegue ao mundo meu recém-nascido mundo
Com o hálito luminoso de tudo que é belo
Com o alento e o conforto do despertar ao sol
Vou despertar ao sol e enterrar as cinzas
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