MAS O QUE É QUE EU ESTOU FAZENDO ?!
(Lágrimas nos olhos da alma)
CONFRANGER v.t. 1. moer, esmigalhar. 2. angustiar, afligir. /SUBLIME adj.2g. 2. esplêndido, encantador.
terça-feira, 22 de novembro de 2005
quinta-feira, 3 de novembro de 2005
Acorde Agora
Esfriei tanto que sinto-me gélida.
Me acalmei tanto que entreguei-me a letargia.
Aceitei tanto que me acomodei.
Ouvi tanto, que me arrancaram as orelhas e me furaram os ouvidos.
Abri tanto meus olhos que pareço tê-los cegado.
Tentei aprender e agora todas as minhas frases se repetem mecânicamente.
Me busquei em tanta coisa que não sei onde estou.
A cada dia a apatia me acorda de meus sonhos cinzentos e a esperança me fere com seus espinhos.
Caminho perdida por multidões de pernas ágeis, por muros de olhos curiosos e incansáveis, que me violam e despem-me de minhas alegrias e perspectivas, minhas dádivas.
Caminho sem rumo, sem enxergar, com os cabelos desgrenhados e as roupas rasgadas pelos ventos incessantes da banalidade.
O mundo, a vida, são uma roda que gira impiedosa em todas as direções, devorando nossos segundos e minutos, confundindo nossos sentidos.
Não sei se estou acordada.
quarta-feira, 12 de outubro de 2005
Senhas (Adriana Calcanhoto)
"Eu não gosto do bom gosto
Eu não gosto do bom senso
Eu não gosto dos bons modos
Não gosto
Eu aguento até rigores
Eu não tenho pena dos traídos
Eu hospedo infratores e banidos
Eu respeito conveniências
Eu não ligo pra conchavos
Eu suporto aparências
Eu não gosto de maus tratos
Eu aguento até os modernos
E seus segundos cadernos
Eu aguento até os caretas
E suas verdades perfeitas
Eu aguento até os estetas
Eu não julgo a competência
Eu não ligo para etiqueta
Eu aplaudo rebeldias
Eu respeito tiranias
Eu compreendo piedades
Eu não condeno mentiras
Eu não condeno vaidades
Mas o que eu não gosto é do bom gosto
Eu não gosto do bom senso
Eu não gosto dos bonsmodos
Não gosto
Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem…"
segunda-feira, 10 de outubro de 2005
O que não queremos ver
Estamos todos perdidos num mar de sombras, nos afogando no abismo de nossa própria incoerência.
Perdidos entre as sombras que criamos e alimentamos, estas que por fim são as mesmas que nos engolem e sufocam nossas palavras costurando nossos lábios.
Somos todos marionetes de nossa ignorância, reflexos de nossos anseios, pequenos momentos de satisfação efêmera. Todos nos apegamos a fugidios brilhos, que não alcançamos jamais, apenas vislumbramos ao longe, apertando os olhos para distinguir a luz entre as sombras.
Ah, as sombras, fingimos que não, mas elas sempre estão lá, no íntimo, no desejo que queima, no vazio que transcorre do tempo que passa, no sangue que circula nas veias, na descrença desoladora, no não saber.
Sim, somos todos pequenos pontinhos perdidos num mar imenso de sombras, e sim, elas sempre estão lá.
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