segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Indulto

Quem sou eu para acusar a lua por sua beleza inalcançável?
Na verdade ela não sabe, o que sinto de fato, é que não faço jus a sua luz prateada.
De todas as pessoas, sei que sou a mais marginal.
Mas somente com a lua posso me queixar da dor, de olhar daqui de baixo seu esplendor, sem poder subir aos céus para com ela dançar.
Não, cheia e plena como está, não precisa de uma parva, que orgulhosa se crê estrela.
Mas quando acende esta lua no meu céu, me arrasta para longe os olhos e todo o resto.
Praguejo, esperneio, lua odienta que cega, indiferente lá do alto, irradiando sua prata para todos.
Invento ser merecedora e casta.
Mas sei de minha imprudência contínua, não tenho remissão.
Não. Sou sórdida, inábil, primitiva, quero o sol, quero a lua, quero tudo ao mesmo tempo.
E neste mundo no qual a lua e sol nascem separados, como posso eu querer viver em eclipse?

Um comentário:

O empírico disse...

Quando a gente quer ser mais de uma coisa ao mesmo tempo, acaba vivendo metade de cada vez...

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