Todos estes temores sibilantes
Que rastejam aos pés de minha cama Quando estou só, no silêncio da noite Sussurram aos meus ouvidos
Gotas de dúvida peçonhenta
Que envenenam meus sonhos
Uma melodia distorcida e dissonante Embala meu repouso, nulo
Manchando os momentos
Esticando e torcendo as horas Acorrentando meus olhos
No breu de meu quarto, minhas costas
Dissimuladas são as sombras
Que se escondem sorrateiras
Nas frestas de minha distração
De onde vêm?
Qual é a fonte da imperfeição? Onde ela fica?
Que me seja permitido soprar para longe
As nuvens negras
Carregadas da imundice ácida
Que ambiciona corroer as estruturas de meus castelos
Tenho reinos inteiros por fazer
Sonhei que chovia sangue
Vermelho, vultoso, espesso e quente
O odor inebriante de carne putrefata e acre
Invadia os meus sentidos
E fisgava minhas entranhas
As vísceras de minha sanidade se contorciam
Foi necessário algo tão singelo
para despertar algum fulgor
ao longo desta minha estrada lamacenta.
Seria fácil assim,
fechar as cortinas
e receber em meu seio
novamente
a ausência de vida e cor?
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