Da água salgada que pinga
Da língua o pingo na ponta
Me vejo a flutuar em jarros transparentes
Etiquetada, rotulada à gostos e categorizações
Algumas vezes começo a achar que é tarde
para iniciar parágrafos
grafar curvas, sinais, sentimentos
E ficam somente gotas azedo-imão
Pairando no ar, esvoaçando
Revolvendo ao sabor do vento
Como águas-vivas dançam ao sabor dos mares
E caprichos maiores que desconheço
E todas as texturas que
as pontas de meus dedos podem tocar
Não me bastam para satisfazer a ânsia
Que vira do avesso meus paladares
Ao passear pelas sinapses
De possibilidades ainda porvindouras
Aqui dentro, da minha cabeça
Não posso evitar salivar
É que sinto que poderia devorar
Universos, poesias, equações, cores, sons,
Olfatos, tatos, paladares, visões
Mas devo aprender a provar, apenas.