E se houverem, dentre todas as centenas de milhares de almas que habitam o espaço existente e todos os que ainda existirão,um par de almas, almas pequeninas e brilhosas, sussurrantes na mesma sintonia, que cantem no mesmo tom?
Se existirem, dentre todos os corações que bombeiam a vida para os corpos apressados, circulando, dois corações rubros e palpitantes?
Que debaixo dos mesmos céus dançam os mesmos passos sem saber que não dançam sozinhos.
E se houverem mãos? Dois pares delas, mãos macias por baixo da pele, onde há o calor.
Mãos acesas e ansiosas, serenas, que foram feitas da maneira exata para caberem num entrelace.
Mãos acesas e ansiosas, serenas, que foram feitas da maneira exata para caberem num entrelace.
E ouvidos carinhosos que, fossem os únicos?
Os quatro, pelos quais se pode compreender esta linguagem que ninguém em todos os orbes distingue. Aquele código do pensar perdido, oculto pelas brumas da essência, que tão raramente combina.
Quem saberia se bocas teriam a mesma cor e o mesmo perfume?
Apenas duas, especiais para as mesmas, com as pétalas formadas no mesmo padrão cauteloso e singelo.
Será que os olhos brilhariam quando se falassem?
Será que os olhos brilhariam quando se falassem?
E conversariam por longas e benditas horas, rogando para que as pupilas se envolvessem em um abraço interminável e aveludado.
Talvez numa manhã despretensiosa, dessas em que cantam os pássaros e os automóveis, dessas em que gritam a vida e os ambulantes, dessas em que estar acordado é como sonhar ou preferir estar em um sonho, você roçasse de leve nesta quimera lúdica feita contigo, tua irmã.
Será que saberia que estava ali a fonte da saudade que até este dia te fez imaginar onde estaria você mesmo?
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